PERMITA-ME
Permita-me que a solidão seja um sinal de luz
Permita-me que o encanto não seja desencanto
Permita-me que a cruz seja um doce caminho
Permita-me que me silencie o descontentamento
Permita-me que não goste do maldito entrudo
Permita-me que me embriague no futuro próximo
Permita-me que morra sem saudade nem lembrança
Permita-me que os sorrisos não morram na boca
Permita-me que a tristeza seja levada pelo vento
Permita-me que me banhe neste mar tão nosso
Permita-me que a dor que sinto seja banida do peito
Permita-me que as lágrimas que caiem vão para o mar
Permita-me que agradeça a Deus por tudo em mim
Permita-me que dance na chuva fria deste inverno
Permita-me que nunca deixe morrer a esperança
Permita-me que a morte chegue de mansinho
Permita-me que ame loucamente com intensidade
Permita-me que viva sempre em estado de graça
Permita-me que escreva um poema de amor
Permita-me que se reze um terço às três da tarde.
Isabel Morais Ribeiro Fonseca