segunda-feira, 15 de março de 2021
💕AS CARTAS DE AMOR🌺
sábado, 13 de março de 2021
ღ SOU UM MONGE, UM ESPÍRITO ✿
quarta-feira, 10 de março de 2021
🌺 ღ ✿__POESIA FEITA EM VIDA __🌺 ღ ✿
Portfolio
Numa linda manhã de
abril às 10:30 nasceu uma linda menina com 5.200 kg com 1.48 cm, muito
branquinha e careca num dia 05-04-1966
Eu era o terceiro
filho dos meus pais, eu já tinha um irmão com 6 anos e outro irmão com 1 ano,
nasci na baía de Luanda mesmo pé do mar, num dia de sol a minha mãe trabalhava
na Maria da Fonte no mercado de Luanda, vendia frutas, galinhas e o meu pai era
militar e trabalhava na manutenção militar.
A minha mãe nasceu numa aldeia em Trás-os-Montes chamada Gebelim, já tinha vários irmãos. O meu pai nasceu em Podence casaram e foram para Angola onde eu nasci na cidade de Luanda.
Tudo corria bem até que começou a guerra, a guerra que nos fez voltar para Portugal e integração não foi muito boa. Eu já tinha vindo à Metrópole como chamam várias vezes, afinal eu fui batizada na igreja de Gebelim
A minha avó que
Deus a tenha, furou-me as orelhas nessa altura mas eu não me recordo. Lembro-me
quando estava em Luanda da Guerra de ver vários soldados, de ver as crianças a
fugir, foi uma época muito difícil. Luanda é uma cidade lindíssima, com sol com
um cheiro e um aroma inconfundível, quando chovia que todas as crianças iam
molhar-se na chuva e na lama. Lembro-me das praias, da água quente, das
missangas, da fruta, das mangas saborosas e apeticiosas, das missangas que eu
gostava de andar de missangas, era pulseiras, fios, do cheiro da terra molhada.
Mas veio a guerra e essas lembranças de recordações de bons tempos, trouxeram
tristeza saudade .
NOME -LUANDA🌹
Se eu te pudesse
trincar
Ó terra quente
sentir o teu
Paladar de
vermelha terra
Quem te disse que
eras
E és selvagem
tinha razão
Praias morenas de
mil cores
Sol quente da
fruta madura
E das madrugadas
serenas
A chuva quando
falta muito
Pede-se com muita
felicidade
Planícies de erva
capim seco
Das gentes
simples das cubatas
Musseques,
palmeira com dendém
Das picadas,
febres com poeira
Se eu te pudesse
trincar terra
Seria o momento
mais feliz
Das saudades da
mandioca, fuba, funje
Mangas, fruta
pinha, cocos, do cajú
Cana de açúcar,
do mamão
Da papaia de toda
a fruta colorida
Com missangas de
mil cores
Dos aromas, dos
odores sentidos
Na minha memória,
lembranças
Já esquecidas,
dos chinelos no dedo
No chão quente,
com o sol adormecido
Se eu te pudesse
trincar o terra sem nome
Na minha mente
sentiria o teu doce paladar.
- Luanda -
A vida em
Portugal quando eu cheguei foi muito difícil, a integração foi muito dolorosa
eu tinha 10 anos e lembro-me como se fosse hoje.
A escola era tudo
diferente, os miúdos da escola eram maus, as pessoas eram diferentes não eram
abertas, mentalidades muito fechadas, foi um choque de cultura apesar de falar
português, foi um choque muito grande para mim os meus pais sofreram muito. Eu
e os meus irmãos nós sofremos muito, os gémeos nao quer eram pequeninos tanto
como eu e o meu irmão mais velho. Maldita guerra dos homens que tanto fazem
sofrer as crianças.
O MEU NOME É
MARIA
O meu nome é
Maria
A quem chamam e
chamavam
De retornada na
escola
Quando cheguei à
Metrópole
Eu já vivi uma
guerra, uma guerra sem nome
Eu já vi pessoas
a morrer e a matar sem piedade
Tinham dor e
sofrimento no rosto e gritos na alma
Recolhi todos os
pedaços, com um fio as lembranças
O meu nome é
simplesmente Maria
Eu já vi fome, a
morte, a dor e o sofrimento
Eu já vi crianças
como eu a chorarem de fome
Eu própria já
passei e vivi com ela
Eu já vi a morte
mesmo ao meu lado
Eu já vi homens
armados
Com tanques a
descer a minha rua
Eu já vi pessoas
a fugir, só com a roupa do corpo
Eu já vi a dor
nos olhos das crianças como eu
Eu já vi o
sofrimento de quem perdeu tudo e nada tem
Eu já vi as
crianças da minha escola a fugir
Dos soldados
inimigos, onde eu própria fugi
Eu já vivi uma
guerra, uma guerra tão estúpida
A quem chamavam e
chamam liberdade
Eu apenas chamo
simplesmente de saudade.
Maldita guerra
dos homens que não pensam em quem nada tem haver
E veio o 25 de
abril
DOR E SAUDADE
I
25 de Abril perdoem
a minha ingenuidade
Descolonização
dos países de língua portuguesa
Devia ter sido
feita em paz, dar a escolher
A todos aqueles
que nasceram lá devíamos ter
Tido escolha,
escolha, onde devíamos ficar
Mas atiraram-nos
aos tubarões.
II
Nasci em 66 sinto-me
uma estranha
Nesta terra onde
nasceram os meus pais
Não sei donde sou
muitas vezes sinto-me
Sem terra ...sem
pátria....quem sou afinal ?
25 de Abril
tirou-me mais, do que me deu.
III
Os homens vivem
todos juntos
Mas quando chega
a morte
Morremos sozinhos
e a morte
É uma suprema
solidão, sobem ilegíveis
Muralha fria onde
habitamos palavras de morte
Frágeis palavras
que guardam
Gemidos imensos
de suprema solidão
IV
Cordas de
violinos do sangue do mundo
Triste, triste
das mortes, triste da vida
Morte do homem
que não tem coragem
De morrer, morrer
pelos outros
Pior que a morte é
a dor de quem fica
De quem perdeu
tudo perdeu e ficou sem nada
É a saudade de
quem era que deixo tudo
E não sabe a quem
Nem as lágrimas acalmam
a alma
Nem a tristeza de
quem chora.
V
O pior da morte é
o desapontamento
Desencantamento de
quem não tem lar
Terra
...Pátria....Pátria que ficou em cinzas
Sente que não
pode continuar, sem força, sem nada
Muitos que vivem
merecem a morte
Senhores da
guerra...malditos......assassinos
Corruptos,
gananciosos, são feitos em heróis da pátria.
VI
De um país a
arder de uma pátria em cinzas
Cheia de
cadáveres....sangue....sangue dos inocentes
Gente perdeu a
vida que merecia viver
Desta guerra
estúpida....estúpida ...maldita
Este é o meu
pensamento a minha dor
De um fatídico
ano de 1975
Saudade dos cheiros,
dos aromas, do capim seco
Ai Angola ...Luanda
serás sempre Portuguesa
No meu
coração.....na minha alma.
O meu pai
resolveu emigrar para Espanha num dia de inverno caminhou durante 3 dias até
conseguir, mais tarde quando conseguiu emprego e casa mandou-nos buscar.
De ir regar a
horta com o meu avó , o meu avô tinha um poço na horta que o macho andava à
roda do poço para tirar água e fazíamos carreirinhos onde a água ia para os
legumes, batatas, milho, feijão, era engraçado e eu gostava de olhar.
O meu avô levava
sempre uma merenda para nós comermos , queijo, presunto, chouriço , era muito
bom, era um homem muito ...... e a minha avô era linda, era uma mulher muito
bonita. Tenho muitas saudades deles desse ano, já morreram infelizmente mas
deixaram muitas saudades. A minha mãe sofreu muito com a morte da minha
avó . a minha mãe é uma mulher muito
lutadora muito trabalhadora e muito inteligente um mulher com uma visão de tudo
fora do vulgar
MÃE
Mãe sou uma flor
perfumada
Mas tu és a
rainha de todas as flores
E quando as
folhas caírem vou chamar por ti mãe
Pois as árvores
ficaram feridas e despidas
E mãe teceras os
meus sonhos de menina
Tudo que ficou guardada
ou esquecido
Tu que me
guardaste no teu ventre aquecido
Que vencestes
preconceitos, superastes limites
Enfrentastes
desafios simplesmente por amor
E quando o outono
chegar as árvores estarão despidas
Mas o meu amor
por ti será sempre primavera
Pois sou uma flor do teu ventre nascida num jardim perfumado
O meu pai quando
arranjou casa levou-nos, fomos para Espanha, para Oviedo. O meu pai trabalhava
numa mina e a minha mãe inscreveu-nos numa escola linda e grande, tinha vários
professores, tinha um pavilhão desportivo muito grande e onde é que eu gostei
muito de estudar.
Entretanto nasceu
a minha irmã mais nova , um ano depois nasceu o meu irmão mais novo e nós somos
6 com todos juntos somos mais de 60, entre sobrinhos, cunhados , uma família
unida.
Depois o meu pai
quis voltar para Portugal e nós viemos todos, o meu pai já tinha comprado casa
numa aldeia e viemos todos.
Durante o tempo
que eu tive na aldeia, foi o ano que vim estudar para Macedo mas não
infelizmente passei de ano, porque não sabia falar bem português, era mais
espanhol.
A minha mãe disse
não passaste o ano, vais tomar conta do gado e eu tomei-lhe o gosto. Como nunca
mais vinha a confirmação de ter estudado em Espanha, não foi estudar esse ano.
Hoje as aldeias
são tristes sem gente nada tem haver com aquele tempo que eu vim de África, é
triste ver as casas a caírem e só velhinhos lá, os jovens poucos querem vir
para a terra, todos gostam da cidade.
"ALDEIA
VAZIA PERDIDA"
Noite de inverno
numa aldeia
Lá para trás das serras
e montes
A rua está escura
e fria
A água corria
devagar por debaixo
Da ponte velha,
gasta e sentida
As fragas da rua
estão escorregadias da geada
Vaguei por
caminhos sombrios e vazios das
Ruas desertas,
geladas e frias
Aldeia serrana
deserta fria sem gente
Ouve-se ao longe
o uivar do lobo
Do latir dos cães
presos em casa, currais e cortiças
Ando pelo adro da
igreja, onde já
Foi um cemitério,
sinto arrepios das almas em dor
Corre a água da
fonte, onde eu
Já bebi esta água
gelada e fresca
No verão e fico a
olhar
Hoje com sede e
já não consigo beber
Desta água que
passa e passou
Pelos mortos do
cemitério
Rua da aldeia
fria gelada
Sombras à solta
marcadas de dor
Casas caídas de
barro, de lama
De fragas e
caminhos, amores perdidos
Esquecidas por caminhantes
Del Rei
Afinal foi uma
aldeia importante em tempos, em tempos
Hoje vazia,
deserta, sem alma
Sem gente, sem
escola, sem comboio
Onde os velhos
ficam à lareira sozinhos
Esquecidos a
recordar os tempos de juventude já perdida.
Casei aos 18 anos,
com um rapazote todo jeitoso tinha ele
21, com um olhar simples e simpático.
REINO MARAVILHOSO
DE TRÁS-OS-MONTES
Vou escrever e
falar
Dum reino
maravilhoso
Que há neste
mundo
De um oceano
megalítico
Onde a fonte
jorra a água
Que me lava a
alma
Da fraga chora a
mágoa
Que me prende a
vida
E no outono solta
as folhas
De várias cores
como giestas
Pois já galguei
rios, saltei montes
Atravessei
abismos e tempestades
Desfiz-me na
espuma do nevoeiro
Nas fragas frias
por entre os lobos
Neste mar de
xistos de íngremes socalcos
E em cada degrau
que me há-de levar ao céu
Deste reino
maravilhoso de Trás-os-Montes em poesia.